Texto de Claudia Gavenas.
Tod@s nós, em algum momento, já tivemos contato com idéias simplistas e generalizadoras que visam qualificar todas as mulheres de maneira unilateral. Tais idéias são sustentadas por discursos muito tendenciosos ( para não dizer levianos) que, de tão repetidos, passaram a ser “comprados” como verdade. E boa parte desses discursos AINDA é amparada por algumas correntes científicas altamente questionáveis.
Como se não bastasse a dicotomia de santa x puta que norteia até hoje os papéis femininos na sociedade, quem nunca ouviu frases como:
- “toda mulher é invejosa”;
- “mulher não se veste para o homem, mas sim para outras mulheres”;
- “mulher dirige mal porque tem noção espacial menor que a do homem”;
- “mulher não é amiga de mulher”;
- “mulher gosta é de cafajeste”;
- “a mulher é frágil e delicada por natureza”.
Estes foram apenas alguns exemplos. E quando afirmo que estas concepções equivocadas AINDA têm o respaldo de algumas correntes científicas, me refiro principalmente à Psicologia Evolucionista (muito bem explicada pela Lola no post Psicologia Evolucionista? Só Rindo). Sim, a nossa velha conhecida, tão adorada e difundida pela mídia, tão bem aceita pelos masculinistas e tão “engolida à seco” por nós. E reforço o seu caráter questionável justamente porque como toda ciência, ela absorve e reflete de alguma forma os valores de seu tempo.
Agora, pergunto: qual a lógica de tanta aceitação desses mitos? Porque eu não consigo identificar quais argumentos seriam plausíveis o suficiente para que certos tipos de comportamento sejam atribuídos sistematicamente para um determinado gênero. Eu não acho que gostos, caráter, atitudes ou habilidades sejam inerentes aos sexos. Ninguém “nasce assim”, tod@s sofremos influências do meio social em que vivemos. Por esta razão, não acredito nestes mitos.
Eu confesso que tive uma certa dificuldade ao preparar este texto. Não por não saber claramente sobre o que eu deveria falar. Mas ao realizar uma breve pesquisa na web sobre o tema, fiquei um tanto estarrecida com a quantidade de pessoas que reforçam as idéias supracitadas. Muitos foram os textos sobre “brilhantes descobertas da ciência sobre as diferenças entre homens e mulheres”, ou sobre “a ciência enfim derruba mais um posicionamento feminista” e bla, bla bla. E em praticamente todos, não são informados os dados reais das pesquisas, a quantidade de pessoas envolvidas, os métodos pelos quais chegou-se a tais conclusões. Curioso, não?
Não vejo pertinência na construção desses mitos, pois eles só contribuem para justificar e perpetuar a desigualdade.
Pensem nisso.