Observação: neste post, quando eu escrever a palavra ‘homem’, refiro-me aos homens do sexo masculino. Para diferenciar de homem do sexo feminino, como bem explicado nesse post.
Numa conversa qualquer, eu ouço (ou leio) que um grupo de jovens homens, notadamente muito bacanas, inteligentes e divertidos, resolvem gritar uma determinada ofensa (de cunho sexual, óbvio) a uma menina na rua por ‘brincadeira’. O fato de homens, em grupo, se julgarem no direito de ofender uma mulher por ela ser…eeer, do sexo feminino, bateu fundo. E me fez lembrar todas as vezes que já aconteceu comigo, e com cada um dos relatos de amigas, parentes, conhecidas. [Dois textos muito bacanas sobre isto são o da Georgia e o da Lola].

Note que nenhum destes homens é individualmente babaca. Nenhum me destrataria e é altamente improvável que falariam mal de mim por ser mulher. Porém, um grupo só de homens tem uma tendência absurdamente forte para o atitudes machistas explícitas – e pelo simples fato de *existir* uma mulher fisicamente presente, isso se dissolve. [Pensando bem, grupos só femininos tem a mesma tendência aos comentários machistas, mas do tipo ‘idiotização masculina’…. deixemos isso pra outro post]. O comentário óbvio é que os grupos por definição são heterogêneos, justamente por serem formados de pessoas de vivências completamente diferentes; mesmo assim, há uma clara propensão às ações machistas a não ser em casos muito raros – incluo aqui os homens feministas, seus lindos!
É estar dentro de um grupo que faz isso? É a pressão de estar encaixado dentro do grupo, de ser macho, de mostrar que não é mulher nem gay, isso? O importante é mostrar aos demais que é macho, que tem direitos da época das cavernas? Ou que não é mulher, sei lá. É por essas e outras que a diversidade num grupo tem me parecido cada vez mais importante.
Eu tenho algumas teorias a respeito, e provavelmente cada uma é mais ou menos aplicável a cada um dos envolvidos. Devem existir muitos homens que simplesmente se mascaram na presença feminina, mas sinceramente vamos falar de coisa boa, vamos falar da TekPix prefiro acreditar que a maior parte simplesmente não tem empatia pelo sexo oposto por falta de análise. Vai seguindo porque aquilo é assim desde sempre, pra que mudar. Sim, são machistas porque são, porque o mundo é assim desde sempre.
Para boa parte dos homens com quem convivo, quando estão em grupo, é como se existissem

dois ‘tipos’ de mulheres: as que eles respeitam (e por consequencia tem um relacionamento, como amiga, filha, namorada, mãe, etc), e as demais. É uma ilustre desconhecida apenas, e sendo do sexo feminino… É interessante o mecanismo que acontece em áreas com poucas mulheres como TI (sim, eu sou desenvolvedora); em pouco tempo é como se passássemos a ser um ‘menino’, somos tratadas como um. Algo como ser ‘promovida’ à homem; porque afinal, mulher é aquilo pra ser julgado pelo seu corpo, para ser objeto, né? Não faria sentido num colega de trabalho, que deveria ser avaliado por competência e caráter.
Para exemplificar, havia uma gerente muito competente em minha empresa. Essa gerente foi promovida e, na hora do almoço, os meninos comentavam que provavelmente ela agora era amante do chefe. Sim, porque mulher não conseguiria subir de cargo simplesmente por competência, né, tem que ter sexo em troca. Eu só comentei que, quando foi a minha vez de subir de cargo, foi exatamente o que falaram de mim. A mesa, que notadamente sabe que não sou incompetente, ficou em silêncio. Até tentaram argumentar que era brincadeira, e eu ainda repliquei ‘pois é, também era quando comentavam que agora eu era a amante do chefe’. Maldade? Não, apenas falta de empatia – eu era ‘menino’, ela não.
E aí, como resolver isso? A gente tem que treinar nosso olhar e ouvidos para atitudes machistas. Todos nós, TODOS, temos atitudes machistas e preconceituosas (tá, tem gente que se especializa nisso, mas não estou me referindo a eles). E temos que, de alguma forma, mostrar ao interlocutor que isso não deve ser aceito, que isto é prejudicial e que, pasmém, mulher é gente. Longo caminho, mas temos que identificar o machismo para combatê-lo.
Texto elaborados com palpites mil, do meu digníssimo Rafael Ferreira e do Adriano Machado. E ainda incluo os agradecimentos para mais alguns amigos que enchi muito a paciência! 🙂