Texto de Tassia Hallais*.
Alien – O oitavo passageiro é um filme norte americano de ficção de científica do final da década de 1970. Dirigido por Ridley Scott, a trama se passa num futuro onde naves espaciais tripuladas são capazes de percorrer grandes distâncias e explorar outro planetas em busca de riquezas. Numa dessas viagens algo dá errado e a tripulação da Nostromo se vê ameaçada.
A descrição do parágrafo acima era basicamente tudo que eu sabia a respeito deste filme, até que um amigo resolveu fazer, em seu blog sobre cinema, uma lista com o que ele considerava serem as melhores heroinas do cinema. E em primeiro lugar estava ela, a protagonista de Alien, Ellen Ripley.
A curiosidade bateu na hora e corri para assistir a um filme ao qual eu nunca tinha dado atenção porque, preconceituosamente, achei que seria só mais uma produção de ficção científica e terror onde os homens resolvem tudo e às personagens femininas só resta correr e gritar estridentemente enquanto esperam ser salvas. Eu nunca tinha recebido a informação de que o filme era protagonizado por uma mulher.
Pois Alien, felizmente, não se rende aos clichês do gênero e com isso se tornou um dos meus filmes favoritos com uma das minhas personagens preferidas também. O filme não mostra Ellen como uma super mulher, o que eu considero ótimo afinal permite uma maior empatia por uma personagem que está inserida numa realidade bem diferente da cotidiana e que, por isso, poderia se tornar distante do telespectador.

Outro ponto positivo da história é que a personagem não tenta pegar para si o título de heroina. Ela não é a escolhida. O que ela quer é viver. É o instinto de sobrevivência aliado a fatores como esperteza e determinação que a fazem seguir em frente e buscar um meio de sair daquela situação caótica que, aliás, ela foi a única que tentou efetivamente evitar ao se mostrar contrária a volta para o setor de convivência da nave de uma pessoa que foi exposta à um ambiente externo potencialmente perigoso. Ao se posicionar de maneira a seguir os protocolos de segurança com o objetivo de preservar a tripulação, Ellen é vista como insensível e tem sua opinião ignorada.
Alien tem o mérito de ser um bom filme de ficção científica com pé no terror que traz uma protagonista feminina que consegue vencer um monstro sozinha sem precisar fazer concessões para enquadrá-la dentro dos esteriótipos do que se considera feminino. Ellen não é a capitã da nave, não é a mais querida ou simpática da tripulação, não está dentro do padrão de beleza que a colocaria como objeto de desejo e não tem um par romântico . É libertador ver que não é preciso nada disso para vencer.
Ellen não tem nada que faça com que de cara a identifiquemos como heroina. Mas ela se torna. Para mim esse é o valor de Alien. E trazendo a ideia radical de que mulheres são seres autônomos e capazes é um filme que vale a pena ser visto.
*Tássia Hallais tem 23 anos, mora no Rio de Janeiro e é estudante de Comunicação Social da UFRJ.