Texto de Márcia Vasconcelos.
Sou Lésbica. Mas, isso não quer dizer que desejo todas as mulheres que vejo em minha frente.
Mulheres Hétero, vocês desejam sexualmente todos os homens que passam a sua frente? Pois é, nós também não.
Quando você esta na rua e olha para outra mulher pode estar pensando mil coisas, mas se você é lésbica… Aí com certeza esta tirando a roupa dela mentalmente! Principalmente se você for uma lésbica que usa roupas consideradas masculinas.
Minha namorada se veste assim e é constrangida toda vez que vai ao banheiro. Os olhares destinados a ela me ferem também. Uma lésbica, assim como qualquer mulher, precisa ir ao banheiro. Nosso sistema biológico não é diferente, acredita?
E, quanto aquela sua amiga que você abraçava e até dormia na mesma cama, quando descobriu que ela era lésbica, o que te fez agir diferente?

Acredito que todos que agem assim são preconceituosos, mesmo com um discurso liberalista. Pensar que só porque uma lésbica te olhou, ela quer ficar com você não é questão de autoestima, é ignorância. Lamento dizer que, provavelmente, aquela lésbica que fez você cochichar com a pessoa ao lado não queria nada com você.
Todos esses preconceitos favorecem a lesbofobia. As pessoas, principalmente homens, muitas vezes acham que lésbicas são mulheres mal amadas e, que por isso preferem ficar com outras mulheres. Há até mulheres homofóbicas que acham que vão ser agarradas na rua por lésbicas.
É comum escutar frases como: “Sapatão só precisa de um trato”. Conheço mulheres maravilhosas e nem por isso tenho sonhos eróticos com elas. Lésbicas tem amigas, sem haver necessariamente um envolvimento sexual. Assim como todas as pessoas, temos vontade de abraçar, dar carinho, como qualquer ser humano. Ser lésbica não nos faz “querer dar uns pega nas muié tudo”.
Antes que eu me esqueça, se você diz que ela esta te olhando é porque você olhou para ela também, certo? Ótimo, estamos conversadas. Homens também querem abraçar homens, sejam gays ou não, queiram transar com você ou não. Vai por mim.
Por fim, sejamos francos, a primeira coisa para se curar um preconceito (sim, o preconceito precisa de cura) é assumir, admitir e procurar mudar. Se a sexualidade de uma pessoa te faz agir diferente com ela, você é preconceituoso/a!
Autora
Márcia Vasconcelos é negra, lésbica e atrevida. Estudante de direito e escreve nas Blogueiras Negras.