Esta semana, anda circulando pelo Facebook uma… nem sei do que chamar… matéria? É o seguinte: Elas não estão preparadas para o Verão! Veja as famosas que pagam mico de biquíni. Não precisa clicar, eu conto o que tem lá. Fotos de atrizes que têm – oh… o horror… o horror – celulite e estrias.
Na “matéria”, é dito que essas pessoas não deviam sair de casa, que não estão preparadas para o verão. Eu fico desanimada e com um pouco de pena do que leva pessoas a achar que os outros só saem de casa e que se preparam para o verão tendo corpos perfeitos, que (surpresa! surpresa!) nem existe, só com Photoshop.
Essa bobagem não seria digna de nota se fosse um caso isolado. O problema é que as revistas, os sites, os programas de TV nos martelam na cabeça o tempo todo que o corpo feminino deve ter um único objetivo: enfeitar. E de tanto ser bombardeada com isso, é muito difícil não se deixar convencer.
É difícil acreditar que as mulheres vão à praia pra nadar, tomar sol, ver amigos, passear, relaxar… A gente quase acredita que, se aquelas mulheres maravilhosas e dentro do padrão não deveriam ir à praia de biquíni e não estão prontas para o verão, imagina a gente?
Nossa sociedade se acostumou a sempre abordar o corpo no sentido estético (principalmente no caso das mulheres) ou de saúde (mas frisando mais a doença do que a própria saúde). O corpo é isso também, mas é tanta coisa mais.
É graças ao corpo que podemos nos movimentar. A gente pode correr, pular, brincar, dançar, nadar no mar… Pode pular e se descabelar em um show de rock, funk ou pop do nossa artista preferido. Pode brincar como nossos amigos, sobrinhos e filhos. Pode dançar desajeitadamente (ou não) na festa de família ou de formatura.
Foto do flickr de K@mphuis, alguns direitos reservados
Graças a ele também, a gente pode ver tanta coisa bonita… Paisagens, cidades novas, pessoas que a gente ama… Pode ouvir também… Música, uma risada, o barulho do mar.
É ele também que deixa a gente sentir o cheiro de café novinho, de um prato novo sendo feito, de terra molhada quando chove, do corpo da pessoa amada.
Ele ainda nos dá orgasmos, seja com outra pessoa ou sozinha mesmo. É nele que sentimentos carinho, ou o arrepiar da pele quando aquela pessoa de quem estamos a fim toca no nosso braço meio que sem querer pela primeira vez.
E mesmo que algumas pessoas não possam uma ou mais das coisas acima, elas podem tantas outras. Nem vou falar das utilidades práticas.
Já que a mídia não deixa, a gente tem que fazer um esforço e nos lembrar o tempo todo que nosso corpo é muito mais que enfeite. A gente tem que lembrar que corpo perfeito é aquele que funciona direitinho. E mesmo aquele que tem alguma dificuldade, é muito mais importante do que uma foto numa coluna de site que se alimenta de celebridades e neuras alheias. A gente tem que lembrar que o verão é de todo mundo, e todo mundo pode aproveitá-lo e sair na rua e ser feliz. E que pagar mico é colocar no ar uma bobagem como essa, e não aproveitar um delicioso dia de inverno, com cara de verão, na praia, sem Photoshop.
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