Texto de Claudia Gavenas.
Muita gente afirma que o machismo não existe mais. E também que atualmente as mulheres já estão num patamar de igualdade equiparável ao dos homens e desta forma, o feminismo não se faz mais necessário. Acho essa idéia muito perigosa por uma razão muito simples: a educação familiar em nosso país ainda é extremamente machista.
Tenho certeza que tod@s vocês já presenciaram a seguinte situação: numa família com vários irmãos, os meninos têm “passe livre” para fazer tudo: ficar na rua até tarde, correr, jogar bola e na maioria das vezes estão dispensados de ajudar com as tarefas domésticas. As meninas até fazem as mesmas coisas que eles, mas a elas é imposta a obrigatoriedade de auxiliar com as tarefas domésticas e o controle em relação ao horário de chegada em casa é muito mais rígido.
Certo dia, essas crianças crescem. O irmão pode relacionar-se sexualmente com quantas mulheres quiser e na maioria das vezes, a família se orgulha disso. A irmã se fizer o mesmo, ficará no mínimo “falada”. Se o irmão optar por permanecer solteiro, a família acreditará que foi uma escolha dele. Se for a irmã que não quiser se casar, todos pensarão que ela é uma “mal amada” pois onde é que já se viu uma mulher poder ser feliz solteira, não é mesmo?
Sabemos também que a maior parte dos casos de violência contra a mulher acontece dentro de casa. E em muitos casos, a mulher é estimulada a permanecer passiva diante de agressões seja pela ineficiência do cumprimento de nossas leis, seja por medo ou por dependência financeira da agredida perante o agressor.
Estes foram apenas alguns exemplos de como o machismo ainda é exercido dentro de casa. Tudo isto lhe pareceu muito antiquado? Pois acredite: ainda acontece em muitos lugares. E as famílias que não vivem desta forma ainda são, infelizmente, exceções. A igualdade de direitos deve começar dentro de casa e passar a ser um exercício constante de respeito mútuo.