Texto de Carol Fontes.
Meu Ensino Médio foi técnico em Publicidade, passei três anos da minha vida prestando muito atenção em peças publicitárias (televisão, jornal, outdoor, etc.) e acabei ficando um pouco condicionada, já não sou mas tão ingênua!
Quando me reconheci feminista e com uma ajudinha do blog da Lola voltei esse novo olhar para meus amigos publicitários e me decepcionei. O objetivo dessa coluna, infelizmente, é tirar a inocência de vocês, mostrar que a publicidade para homens é muito machista e para mulheres é muito superficial, claro que quando encontrar algum anúncio interessante e inteligente publicarei com muita alegria. Não publicarei apenas comerciais nacionais porque temos (tomara) visitantes que moram em outros países (queridos, mandem links!) e às vezes a linguagem é muito parecida. Para nossa estréia peguei o supra-sumo dos anúncios nos anos dourados, vocês vão ver que o politicamente correto fez um bem danado para as campanhas publicitárias!

Na figura 1 temos o título “Assopre no rosto dela e ela vai te seguir em qualquer lugar” (amigas tradutoras podem sugerir versões melhores), afinal, qual mulher não gosta de uma descarga de nicotina no rosto né? Depois de listar as opções de sabor de Tipalet o texto continua: “você tem a satisfação de fumar sem inalar fumaça” deixe isso para a mulher na sua frente, ela gosta!
O texto da figura 2 diz que muitas vezes a mulher não percebe que foi anou negligência íntima que a excluiu de um casamento feliz, a propaganda é de sabonete íntimo e lembra as consumidoras de que nenhum marido gosta de mulher descuidada e fedorenta, atualmente os anúncios são um pouquinho diferentes porque nos anos 50 só um homem podia olhar, mas agora o objetivo na vida de qualquer uma é ter vários homens parando quando ela passa, até as atrizes da Globo usam né?!
A figura 3 é aquele mito clássico: mulheres não sabem trocar lâmpada, não fazem consertos na casa e não abrem potes, não abriam porque este revolucionário produto é tão fácil que até uma mulher é capaz, a garota propaganda nem consegue acreditar! É muita tecnologia, é muita inovação, muito carinho com as consumidoras, esse produto merece minha atenção.
Na verdade, fiquei em dúvida se esse pote é tão inovador quanto à máquina para selar cartas da figura 4, afinal, para um homem perguntar se “é sempre ilegal matar uma mulher?” é porque isso é realmente indispensável na vida de qualquer secretária.

Nós sabemos o quanto os homens amam café fresco, se você não sabe disso é porque é tão negligente quanto à esposa da figura 5 que merece uns tapas por isso, que displicente, será que ela ainda não aprendeu que agora pode provar os produtos antes de comprar? Essa imagem é uma das mais fortes, pois incita a violência doméstica pelo motivo mais banal possível, café, tudo bem que os maridos não costumam ter motivos para bater em suas esposas além de machismo, ignorância, falta de amor e respeito, mas usar isso para vender café é pegar um pouco pesado na persuasão.
Para fechar nosso top five da Publicidade nos anos 50 e 60 temos a figura 6. Quando olho para essa imagem só consigo pensar na frase de Rebecca West em 1913: “Eu mesma nunca cheguei a entender direito o que quer dizer feminismo: só sei que as pessoas me chamam de feminista toda vez que expresso sentimentos que me diferenciam de um capacho.”
Autora
Carol Fontes aos 18 anos descobriu o feminismo e nunca mais deu paz aos meus amigos, familiares e desconhecidos. Sua mãe se chama Simone e isso já diz muita coisa!