Carne

As feministas, em qualquer parte do mundo, se colocam a tarefa de entender, expressar, traduzir, explicar, explicitar a existência do machismo na sociedade em que vivem. Cada uma e cada coletivo encontra um jeito de fazer isso. A Kiwi Companhia de Teatro resolveu fazer isso em seu trabalho teatral Carne, que definem como cenas sobre o patriarcado, o capitalismo e a autonomia das mulheres.

Arte do material de divulgação de Carne, da Kiwi Companhia de Teatro

Se você já ficou a fim de conferir só pelo assunto em questão – que interessa a todas as pessoas que frequentam nosso blog – espera aí que tem mais.

A gente não tá falando daquele tipo de teatro que ainda predomina no Brasil, em que alguém faz um roteiro massa ou não, atores e atrizes ensaiam, arrumam patrocínio e pronto. Aí você vai pro teatro, desembolsa uma grana, assiste, volta pra casa e pronto. Consumiu cultura =)

O que você vai encontrar no Teatro Coletivo, até 28 de agosto, é resultado de um processo de trabalho que envolveu, claro, a criação genial da Kiwi, mas sempre em relação com o público e com organizações e movimentos sociais.

E eu não entendo muito de teatro, mas me parece que até a disposição do público tem a ver com a concepção diferente que el@s apresentam. A disposição da equipe também – o som não é uma mágica que brota do além: é o trabalho de um cara bom: Eduardo Contrera. A primeira vez que vi Carne – quando ainda era um trabalho em construção – foi no Sesc Consolação e a primeira coisa que foi diferente foi a gente ter sentado em cima do palco. Em uma mesinha estavam alguns textos de subsídio que foram referencia pra desenvolver Carne – e curiosamente são referencia pro meu feminismo =) E, no final, ainda rolou um debate.

Acho que isso foi há 3 anos.

Não vou falar das cenas – geniais-, porque não saberia como, e acho que seria muito mais legal vocês descobrirem ao vivo – ou no videozinho aí embaixo.

As atrizes – Fernanda Azevedo e Mônica Rodrigues – são conhecidas do movimento feminista em São Paulo. Participam de manifestações contra a violência sexista, pela legalização do aborto, no dia 8 de março entre outras, e levam seu teatro para a rua.

Já apresentaram Carne em uma reunião nacional da Marcha Mundial das Mulheres – e se colocaram abert@s para receber comentários e sugestões sobre o trabalho teatral. Não só ouviram, mas incorporaram. Passaram por um monte de bairros de São Paulo, a partir da relação construída com as organizações do movimento de mulheres. Apresentam Carne e fazem um debate depois com as mulheres.

Além dos debates que rolam, a Kiwi normalmente oferece pra você levar pra casa materiais do movimento de mulheres, com conteúdos e informações importantes, tipo o Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, onde você pode denunciar a violência sexista 24 horas por dia, todos os dias, inclusive feriados.

Teatro não é só pra elite paulistana, teatro não é só pra você se divertir e desopilar.

Carne é um teatro pra pensar, e pra te ajudar a fazer alguma coisa com o que pensa.

Se você é de São Paulo, ou mora aqui perto, pode conferir Carne no Teatro Coletivo, de sexta a domingo, até dia 28 de agosto.

E, se você ficou curios@, pode conferir os trechos selecionados nesse video aqui: