Eu e a TPM, a TPM e eu…

Eu tentei não falar nisso. Mas minha mesntruação chega em poucos dias e estou no pico da neblina com a TPM deste mês. O primeiro sintoma é sono, muito sono. Sou uma pessoa sonolenta, mas na TPM minha vontade de dormir (quem sabe pra desapegar um pouco da carência, da sensibilidade, dos meus chororôs) quase dobra, eu diria. O segundo sintoma é a auto-estima descendo horrores: fico gorda, feia, chata, desagradável, amarga. E aí vem o terceiro sintoma: amigos, marido família nem sempre seguram a minha onda de chatice e dão uns cutucões que eu sinto oito vezes mais fortes. Pronto, está aí o quarto sintoma: o mundo está contra mim. E este refoça todos os outros com uma pitada extra de carência afetiva.

Mas não se iludam. Sou uma pessoa supersegura, metida até, orgulhosa, confiante (até demais). Tenho um marido ma-ra-vi-lho-so, feminista, compreensivo, apoiador. Minha relação com meus pais e meus irmãos é excelente. Tenho grupos de amigos e amigas verdadeiros, saio com frequência, não me sinto sozinha a não ser quando quero ou preciso. Amo meu trabalho, amo minha rotina. Então é, eu sei, são só esses dias que o mundo parece horrível, mas logo passa.

do dicasecia.com

Algumas feministas amigas minhas (uma especial, a Liadelua, principalmente) me dizem um treco meio importante. Usar a TPM como desculpa, justificativa, explicação, etc. ao fazer cagadas ou cometer exageros é um passo arriscado na luta contra o machismo à medida em que tende a não desconstrui-la como algo cultural e construído, possivelmente naturalizando-a. Aí somo as loucas, histéricas sem controle do próprio corpo. Fato. Mas ao mesmo tempo eu fico (por conta da minha cultura, que me ensinou a lidar assim com ela) realmente diferente nesses dias. Fico amuada, sentimental, acordo chorando de pesadelos que ficam um pouco mais frequentes nesses dias. Preciso de abraços, paparicos, carinho e não consigo retribuir muito. Não é fácil. Mas não estaria eu sendo um pouco contraditória?

Pra terminar esse post meio desengonçado, queria lembrar que a TPM não é igual pra todo mundo! Meu lado escritora me atiça e decidi começar um projeto paralelo que pode ser para meu blog ou para um futuro livro: histórias de TPMs. Porque natural ou cultural ela existe pra muitas mulheres, certo? Peço a colaboração de vocês, leitoras (e leitores que quiserem falar sobre seu pontos de vista acerca da TPM de uma mulher com quem convivem): se puderem, joguem na caixa de comentários daqui ou me mandem um email pessoal (marilia@mulheralternativa.net) contando o que vocês sentem na TPM e se já viveram alguma situação memorável com a TPM de vocês, qual a relação que têm com a dita cuja.

E a sua, está chegando?