Não, South Park não é um seriado militante. Nem revolucionário. É humor ácido, amargo, ardido. Zomba de tudo e de todos pra zombar, no final, da sociedade ocidental branca racista machista moralista conservadora estadunidense. Meio como Simpsons. Nada como Rafinha-não-sei-fazer-humor-inteligente-Bastos. O “plot” da série são crianças de oito anos reproduzindo tudo que há de podre nessa sociedade. Pra se ter uma ideia, em um dos episódios de Halloween mais conhecidos o obeso Cartman vai à escola fantasiado de Hitler. O diretor e os professores se chocam e o mandam pra casa, que aquilo não é fantasia própria, que é ofensivo, etc. No dia seguinte ele chega com uma fantasia de Klu Klux Klan, o diretor o olha de cima a baixo e diz: “hmm, assim está melhor”.

Acontece que eu assistia episódios mais antigos com o Gatón, meu maridón, essa semana. Na 6ª temporada, o episódio 10 se chama “Bebe’s Boobs Destroy Society”, ou seja, “Os Seios da Bebe Destróem a Sociedade”. A princípio parece misógino, eu sei. Mas é bem o contrário. O episódio critica do comportamento machão-alfa imbuído nas crianças desde cedo até a cirurgia plástica infantil.
Bebe é uma das meninas da classe dos protagonistas (4 meninos) na escola pública de South Park. Eis que um belo dia, antes das outras garotas, seus seios começam a crescer. Sem perceber que isso aconteceu, os meninos começam a achá-la superlegal, disputar sua atenção e se comportarem como uns verdadeiros trogloditas. O desenho mostra isso representando-os como macacos, fazendo grunhidos uns pros outros e disputando a posição de macho-alfa. Hilário.

Daí que se a abordagem do seriado fosse machista ou misógina o que se seguiria daí é que poderia-se pintar Bebe como uma maldita que destrói a vida dos meninos (mais ou menos na linha dos que acham que o bom do tal colégio só para meninos que ficou em 1º lugar no Enem é que não tem meninas pra ‘atrapalhar a concentração’) gabando-se de ser gostosa. Mas não. Bebe fica é inconsolável que a tratam diferente por conta de seus seios. Sua mãe faz o papel social do adulto e tenta conformá-la de que ser tratada pelos seios é algo bacana mas ela simplesmente não aceita e vai a um cirurgião tentar convencê-lo a fazer redução de seios (hahaha, morri de rir já, só de lembrar). O cirurgião, claro tenta convencer a menina de que ter seios e ser tratada diferente por conta deles é algo bacana, recusando-se a fazer cirurgia.

Enquanto isso Wendy, outra garota da sala que é super inteligente (enquanto Bebe é super normal, mediana na sala e ninguém a achava nada demais antes de ela ter seios) e namorada do Stan (personagem de gorro azul), vai ao cirurgião pedir pra colocar seios. A mãe dela é contra, tenta dissuadi-la e dissuadir o cirurgião. Mas quando ela anuncia que tem 3 mil dólares vai direto pra mesa de cirurgia. Enquanto isso na sala de aula os meninos descobrem que o que os fazia se comportarem como “animais” eram os seios, já que Bebe vai pra aula vestida numa caixa de papelão (hahaha, morri de rir de novo gentz). A partir disso percebem que não devem tratar as meninas diferente porque elas têm seios. Quando Wendy chega na sala é um verdadeiro escracho.
Como em todos os outros assuntos, as críticas são afiadíssimas. Eu gostei demais desse e aproveitei meu dia de escrever aqui pra dar a dica!
Clique aqui para baixar o episódio legendado. Caso não precise de legendas, veja aqui no próprio site do South Park.