Hoje é comemorado em nosso país o Dia dos Professores. E nesta data, acho válido refletirmos sobre as condições de trabalho dest@s profissionais, que são tão importantes para a construção de uma sociedade mais justa. E por conviver diariamente com muitos docentes, tenho a oportunidade de descrever e de observar algumas situações que envolvem esta carreira.
Fala-se muito a respeito do papel do docente na busca por uma educação de qualidade, especialmente quando nos referimos ao ensino público. Mas na maioria das vezes – e nisso incluo alguns teóricos – toda a responsabilidade deste processo recai sobre o professor, sendo que na verdade isso depende de um conjunto de fatores, que envolvem desde um maior comprometimento do Poder Público (com o pagamento de salários mais dignos e com oferecimento de um plano de carreira que vise a valorização profissional, por exemplo) até a participação mais ativa das famílias na vida escolar dos alunos.
Mas por que falar disso num blog feminista?
De acordo com uma pesquisa recente realizada pelo MEC, na Educação Básica 8 em cada 10 docentes são do sexo feminino (continue lendo em Brasil: 8 em 10 professores da educação básica são mulheres). Isto corresponde a 81,5% do total de todos os profissionais desta modalidade educacional no Brasil. Maioria absoluta.
A razão pela qual a presença das mulheres no magistério é tão marcante tem sua explicação em fatores históricos. A partir da segunda metade do séc. XIX, elas passaram a exercer os cargos de docência, apesar das precárias condições de trabalho e da baixa remuneração. Antes, essa era uma das ocupações permitidas apenas aos homens. Então, o número de docentes do sexo feminino aumentou vertiginosamente e com isso, o ato de ensinar passou a receber uma conotação de afetividade, sendo a professora uma espécie de “segunda mãe”. E isto demonstra claramente a divisão sexual do trabalho.
Pode não parecer mas a idéia de que o magistério é uma “extensão” do lar persiste até hoje e isto se reflete na formação de profissionais em potencial. A procura por graduações que possibilitem o exercício da docência diminui a cada dia e ainda assim, a maioria das pessoas que se interessa por eles é composta por mulheres.
Falar sobre a carreira do magistério sob uma ótica feminista permite amplas discussões e reflexões. Entendê-la por meio de questões de gênero e as suas relações com os contextos atuais é relevante para que seja possível melhorar efetivamente a educação no Brasil.
Para saber mais: artigo de Fúlvia Rosemberg sobre o acesso da mulher a educação formal.