Plantando Feminismo

Texto de Jéssica Martins.

É muito estranho vir parar num lugar onde o feminismo não tem quase nenhuma atuação. Não ter nenhum coletivo para a gente pensar um monte de ações e combater o machismo que nos oprime cotidianamente de forma mais efetiva e ofensiva.  Estar numa universidade que AINDA não tem um coletivo feminista organizado, mas que já tem 100 anos de existência, na qual as primeiras mulheres que aqui chegaram formaram-se em Educadoras Familiares e onde ainda existe uma graduação de Economia Doméstica.

Eu vim parar na UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), direto da 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, de uma Marcha das Vadias, do 4º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE ou qualquer outra corriqueira atividade do feminismo.

Mas já foi na primeira festa da Semana de Integração que o feminismo deu sinais de já ser uma semente, uma garota declarou que sentia liberdade de manter relações sexuais com quem ela quisesse. Afinal de contas, o corpo era dela e quem determinava sobre ele era ela. Foi nesse dia que outra garota afirmou que realizaria um aborto, caso não quisesse ser mãe. Para ela uma gravidez, nesse momento, não faz sentido, porque ela quer se formar, demorou três anos para que conseguisse ingressar na universidade, ser mãe já não é mais uma opção. Além tudo, são cotidianos os comentários contra os cartazes das festas currais (dessas que a bebida é liberada para as mulheres e os homens só entram depois que elas estão bêbadas), que mercantilizam o corpo das mulheres.

Slogan do Encontro de Mulheres Estudantes do Rio de Janeiro

Não sei quantas outras Jéssika’s podem ter saído do seu espaço de militância no feminismo e se inserido num espaço tão parecido quanto a Rural, que não deve ser nem mais nem menos machista que nenhuma outra universidade, mas se muitas outras feministas, como as Ruralinas, que vão plantando sementes,  existirem nas universidades do Brasil, aqui vão umas dicas para pintar a universidade de Lilás.

Formação de Núcleo Feminista

Formação de Batucada Feminista

Colagem de lambe-lambe

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Jéssika Martins é futura cientista social por opção, (quase) jornalista por paixão. Paulista no Rio de Janeiro, de esquerda, feminista da Marcha Mundial das Mulheres e socialista.