Ser mãe?

Eu sempre sonhei em ser mãe, mas nunca me imaginei grávida ou amamentando. Quando conto isso, a maioria das pessoas me perguntam se eu não sinto vontade nenhuma mesmo, afinal, é o sonho de toda mulher ser mãe, carregar uma criança em seu ventre.

Acho que realmente deve ser maravilhoso ser mãe, estar grávida e amamentar uma criança. Mas é maravilhoso se você escolhe ser mãe, engravidar, passar por essa experiência toda. O que eu vejo, muitas vezes, são mulheres que se forçam a aceitar a maternidade e a gravidez. Somos ensinadas que isso nos completa, nos torna mulheres de verdade. “Mulheres só são completas se se casarem e tiverem filh@s”, essa frase é a mais comum de se ouvir por aí.

Quem nunca conviveu com uma mulher que tem filh@s, mas não tem aquele carinho todo com eles? Sabemos que essas mulheres são sempre julgadas como mulheres ruins, desalmadas, que não amam seus filh@s. Muitas dessas mulheres tiveram filh@s durante a adolescência, um momento nem um pouco apropriado para se engravidar. Outras tiveram filh@s após se casar, mas não @s desejou, apenas fez a sua obrigação de ser mãe, como a sociedade exige.

O feminismo luta pela liberdade de escolha da mulher, o que isso quer dizer? Que o feminismo é contra uma mulher ser educada para ser mãe, sem direito de escolher livremente qual o seu real desejo. Enquanto existem mulheres que desejam ser mães, outras desejam ter uma vida profissional promissora, outras desejam estudar por toda a vida e outras desejam mais de uma dessas coisas ou todas ao mesmo tempo.

E devemos respeitar esses desejos. Da mesma forma que devemos respeitar o desejo de uma mulher interromper ou não uma gravidez. Nunca sabemos o quão dolorido pode ser para uma pessoa passar por um processo que modifica tanto o corpo sem desejar. E não falo em casos de estupro, não falo em casos em que o pai da criança abandona a mãe ou em casos de risco de morte para a mãe. O corpo é da mulher, independente do motivo que ela tenha para interromper a gravidez, ela deve sempre escolher o que fazer num momento desses.

Esse respeito deve vir desde sempre, mulher nenhuma merece ser pressionada a seguir padrões impostos pela sociedade. Da mesma forma que a paternidade deve ser revista, a maternidade também deve. Não existe uma obrigação de mulher alguma em ser mãe, em desejar filhos. Precisamos entender que ninguém tem o direito de decidir algo tão sério e definitivo na vida de uma mulher por ela.