Sim, no último post falei sobre a liberdade de fazer sexo com quem desejar, hoje falarei sobre masturbação. Um assunto espinhoso pra muitas mulheres. Quantas mulheres conhecemos que fala com naturalidade que se masturba? A mulher sempre foi condicionada a fazer sexo pra satisfazer seu parceiro, ou só gostar de sexo se for o típico sexo romântico, feito “com amor”. Mulheres são educadas a não procurar o prazer pelo puro prazer, seja com outra pessoa ou seja sozinha.
Hoje em dia ainda encontramos uma certa liberdade, mas sempre muito velada. Podemos comprar, escondido de todo mundo, vibradores, bolinhas tailandesas, próteses e outros “brinquedinhos” desse tipo. Desde que a gente mantenha nossa intimidade entre quatro paredes, vá escondida a Sex Shops, podemos até nos masturbar. Mas, a masturbação continuou sendo vista por muit@s como algo errado, feito por mulheres “fáceis” que gostam de sentir prazer, as famosas Biscates.
Uma coisa necessária, não só pro nosso próprio prazer, também pra saúde da mulher. Quantas mulheres nunca viram a própria vulva? Não sabem diferenciar se está saudável, se tem algum corrimento. Como conhecer seu próprio corpo sem se tocar, sem se olhar no espelho? Mas, muito além de questão de saúde, é questão de independência da mulher, de descobrir o que gosta no sexo. Poder guiar su@ parceir@ durante a transa. E também é saber que não precisa de alguém pra sentir prazer, é ser dona de suas próprias vontades e realizá-las sozinha.

Lembro de uma cena no filme Divã que eu acho bárbara, a personagem de Lília Cabral fala de masturbação no restaurante com a amiga. Achei divertido a naturalidade dela falando do próprio prazer, um prazer só dela! É uma cena engraçadinha, bem irreverente, mas tem uma carga muito importante pra nós, mulheres, acostumadas que masturbação é coisa de garoto.
Essa semana que passou, na reunião do Coletivo Maria Maria, uma das meninas falou de um vídeo que ensina masturbação para mulheres, eu achei tão legal um vídeo desses, tão libertador! Da mesma forma que também achei o máximo quando o extinto programa da MTV Ponto Pê falou sobre o pompoarismo. Eu gostei de como foi abordado, de uma forma muito além de “aprenda a contrair sua vagina e faça seu companheiro feliz”. A Penelope chegou a explicar os benefícios do pompoarismo para a saúde da mulher.
A Letícia do blog Cem homens fala, em um post sobre masturbação, que acredita que ela é um tabu maior que o próprio sexo anal. Acho que o que faz do sexo anal um tabu menor é exatamente a visão de que o sexo anal existe pra satisfazer o homem, não a mulher. Pra maioria das pessoas, o prazer que a mulher sente no sexo anal é a de satisfazer o parceiro, o que não é verdade, mulheres sentem prazer no sexo anal. A masturbação quando não é parte do sexo, serve apenas pra mulher, e mulheres não podem sentir prazer apenas pelo prazer. Daí toda essa aura de desconforto com o assunto.
O direito sobre o próprio corpo é também o direito de se tocar, de conhecer seus desejos, o que mais lhe dá prazer. Se masturbar tem que ser uma coisa natural, uma escolha da mulher, não devemos ter vergonha disso. Ser feminista também é se masturbar.