Essa semana fui assistir uma palestra na faculdade de Letras da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), que falava sobre literatura e política. A palestra foi perfeita e me fez pensar muito na minha condição de artista. Passei tantos anos me questionando se eu fazia por onde, se meu trabalho como artista levava às pessoas algum questionamento, algum incômodo, qualquer coisa que fizesse o povo pensar. Me dei conta que não é fazer arte panfletária, não é abandonar a estética pra falar de feminismo, é viver seus ideais a cada momento e aí, tudo fica fácil.
Assumo que algumas mulheres artistas e feministas, trabalham com uma arte mais explícita, e muitas conseguem fazer isso sem ficar desinteressante e apenas um panfleto político, mas isso vem dessa natureza de viver sua militância. Um exemplo disso é o Guerrilla Girls, já falei delas por aqui em outro post, o trabalho delas é militante e não é completamente vazio de espírito. Mas vemos obras artísticas da época do Stalinismo que são a prova viva do que arte panfletária sem graça e sem bom senso.
Outra artista que eu considero bem explícita de militância e que consegue fazer um trabalho com alma é a Orlan, ela modifica seu próprio corpo para se adaptar a “tipos de beleza feminina” de toda a História da Arte. Ela filma, fotografa suas cirurgias plásticas e ainda monta todo um cenário e um figurino para suas cirurgias. A beleza de sua arte está exatamente em se doar por completo a causa, levando ao extremo de experimentar em seu próprio corpo a Arte.
Meu trabalho como militante e artista está em todo o momento em minha respiração, em minha transpiração, em minhas obras. Tento ser uma artista militante mas sem perder a beleza de minha arte. Quero conseguir tocar as pessoas e levar a elas algo que as faça pensar e questionar o “comum”, o machismo e toda forma de preconceito. Quero acreditar que algum dia serei como Orlan e Guerrilla Girls.
*Imagem de destaque: Sara Joker Frustrada – Imagem protegida pela Lei de Direitos Autorais.
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