Comecei agora a dar aula em uma instituição daqui de Juiz de Fora, onde as crianças ficam no horário em que não estão na escola. Sou professora de artes, dou aula pra alunos de 5 anos de idade até uns 15 ou 16 anos. Minha responsabilidade agora é muito maior, interfiro na educação de crianças, posso fazer a diferença, desfazer preconceitos que são criados desde que somos pequen@s.
Tento não diferenciar brincadeiras de meninos e de meninas e, pelo que notei, isso já não existia antes. As meninas jogam futebol quando querem, os meninos jogam queimada quando querem (que geralmente é visto como um jogo pra meninas). Inclusive fazem por lá um jogo de futebol anual Alun@s X Funcionári@s.

Quando era criança, aprendi muitas coisas que foram difíceis de me desfazer depois que comecei a militância feminista. Ouvia na escola que eu não podia jogar futebol, não podia gostar da cor azul, tinha que brincar de bonecas e precisava me sentar com as perninhas cruzadas. Essa era a mocinha que esperavam de mim. Da mesma maneira que esperavam dos meus coleguinhas meninos que eles fossem “masculinos”, gostassem de jogar futebol, brincar com soldadinhos, usar a cor azul, sem contar que eles podiam se arrastar no chão, correr a vontade. No meu pensamento aquilo era uma injustiça, porque eles podiam se divertir e eu não. Sei que muitos meninos pensavam diferente, preferiam fazer coisas como brincar de casinha, alguns provavelmente gostavam de usar cor de rosa (hoje em dia isso já está até bem mais flexível que antigamente).
Além da separação de coisas de meninas e meninos, ainda reforçamos coisas vistas e faladas dentro das casas, por familiares, ouvidas na televisão, lidas em jornais e na internet. Como educadora, posso fazer a diferença, não reforçando comportamentos e tentando mostrar que não podemos discriminar as pessoas a nossa volta, independente de sua orientação sexual, cor, gênero ou qualquer outro motivo.
Poder chegar na criança antes dela construir seus preconceitos é muito mais simples que tentar modificar uma pessoa adulta. Sabemos como nós, adult@s, somos cabeça dura, temos muitas certezas. Crianças estão dispostas a aprender, a mudar suas opiniões. Estou aprendendo junto as crianças muitas coisas novas, uma delas é como educar sem criar preconceitos, não proibir ninguém de ser o que é, independente de ser ou não algo “de menino” ou “de menina”.