Éramos poucas e poucos. Confesso que esperava mais, mas ao mesmo tempo não ajudei a construir nada. Tudo o que podia fazer no momento era convencer as amigas e amigos mais próximos a se juntarem, não reclamar e fazer com que fosse um evento lindo. E foi. A Marcha das Vadias de Goiânia foi uma coisa linda de se ver.
Umas 300 pessoas pode soar pouco quando pensamos nas demais marchas espalhadas pelo país. Mas, em se tratando de Goiânia, em que até o dia da caminhada (sábado, 7 de julho) havia alguns homens e mulheres “xingando muito no twitter” ou no Facebook as participantes da Marcha, eu fiquei mesmo feliz com o que presenciei.

Parte da minha felicidade foi rever muita gente que não via há algum tempo, marchar ao lado de amigas que sempre me viram como “a feminista da turma” e que agora estavam ali ao meu lado, pintando seus corpos, levantando seus cartazes e gritando por uma sociedade feminista.
Com a ajuda de um carro de som e do grupo de percussão ‘Filhas de Santa Dica’, percorremos duas das principais avenidas da cidade. Passamos pela Praça Cívica e ainda fechamos o trânsito no cruzamento entre as Avenidas Goiás e Anhanguera, em pleno meio-dia. Haja ousadia. Teve quem olhasse com espanto, teve quem entrasse na manifestação, quem ficasse só olhando de longe. As pessoas que se acharam no direito de nos agredir verbalmente levaram um buzinaço nos ouvidos.

História
A conversa sobre a Marcha das Vadias em Goiânia começou, para mim, no final de maio depois que a maioria das capitais brasileiras realizou suas manifestações no dia 16 de maio. A história que Mariana Lopes, uma das organizadoras, me contou foi que algumas meninas a procuraram em um show, querendo montar um grupo para organização da marcha. Daí nasceu o Coletivo Feminista de Goiânia e dali para a Marcha das Vadias foi um pulo.
Fiquei surpresa com a organização das meninas e, por que não dizer, com um orgulho danado e uma dorzinha de cotovelo por estar tão longe e não poder me envolver diretamente. Comissão de comunicação, comissão de segurança, carro de som, oficina de cartazes, tudo extremamente organizado.
De acordo com as histórias que Mariana ia me contando, percebemos que havia e ainda há um desejo das mulheres, principalmente as jovens, em entender o que é feminismo e expressar sua indignação com o machismo que circunda nossas vidas. Nas nossas conversas, fui percebendo que o feminismo está vivo, pulsa na mente e nas vontades das mulheres goianienses. Faltava espaço para ele se articular. Não falta mais. Vida longa ao Coletivo Feminista de Goiânia.