A Semana: 16/08 – 22/08

  • Após condenação, Manning declara: “Sou Chelsea”.

Manning, que recebeu sentença de 35 anos por vazar documentos secretos para o site WikiLeaks, comunicou publicamente sua identidade feminina. O anúncio foi divulgado por seu advogado e lido no programa Today, da emissora americano NBC.

“Eu quero que todos saibam o meu verdadeiro eu. Eu sou Chelsea Manning. Eu sou uma mulher. Dado o jeito como me sinto, e como me sinto desde criança, eu quero começar terapia com hormônios o mais rápido possível”, diz o comunicado. Manning, 25 anos, também pede que os veículos de comunicação respeitem sua decisão: “Eu peço que, começando hoje, vocês passem a se referir a mim usando meu novo nome e o pronome feminino”.

Também agradeceu o apoio que recebeu nos últimos três anos, desde quando forneceu os documentos ao WikiLeaks. “Ao longo deste longo calvário, as cartas de apoio e de encorajamento me ajudaram a me manter forte”.

[+] Após condenação, Manning assume identidade feminina: “Sou Chelsea“.

[+] Por que ninguém noticiou antes que Manning é trans*? Entrevista de Maíra Kubik com Hailey Kaas.

[+] E se Bradley (ou Breanna) Manning for trans? na Revista Samuel.

[+] Bradley Manning is a trans hero – I fear for him in prison por Paris Lees no The Guardian.

[+] Meu lugar de mulher trans* por Daniela Andrade.

[+] Na Argentina, transexuais estreiam nas urnas com nova identidade.

  • Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento aponta para avanços nos direitos sexuais e reprodutivos.

A primeira reunião da Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento da América Latina e do Caribe terminou com um resultado positivo, segundo avalia a Relatoria do Direito à Saúde Sexual e Reprodutiva. A Relatora Beatriz Galli fez parte da delegação brasileira que esteve presente na Conferência, que foi realizada entre os dias 12 e 15 de agosto em Montevidéu, no Uruguai, organizada pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL). Para a Relatora, a Conferência teve um excelente resultado final. “Foi um marco para os direitos sexuais e reprodutivos na região e no processo de revisão global. A atuação do governo brasileiro foi fundamental para o alcance deste resultado, através de propostas avançadas em matéria de linguagem, buscando avançar na agenda do Cairo”.

A Conferência Regional de População e Desenvolvimento (CRPD) dividiu seus olhares entre o passado e o futuro: com o objetivo de analisar os desdobramentos relativos às diretrizes e ações propostas pelo Programa de Ação do Cairo (1994), o encontro consistiu em um espaço de reflexão e definição de saídas para as lacunas que persistem nessas duas décadas na América Latina no que tange aos direitos sexuais e reprodutivos, raça, juventude, envelhecimento, migração e povos indígenas.

A referência ao princípio da laicidade como um dos elementos fundamentais para o pleno exercício dos direitos humanos e o aprofundamento da democracia, e a obrigação dos Estados – onde o aborto for legal ou descriminalizado – de assegurar a disponibilidade de serviços de aborto seguro para as mulheres com gravidezes indesejadas, bem como de desenvolver medidas para prevenir e evitar o aborto inseguro, são alguns dos pontos importantes do documento final, que servirá de referência para as próximas conferências até 2014.

[+] Um marco para os direitos – CLAM (Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos).

[+] Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento aponta para avanços nos direitos sexuais e reprodutivos.

[+] América Latina e Caribe aprovam Consenso de Montevidéu sobre População e Desenvolvimento.

[+] Em conferência sobre população e desenvolvimento, Brasil apresenta políticas para a igualdade de gênero.

[+] Consenso de Montevidéu sugere mudar leis sobre aborto.

[+] A Convenção do Cairo e seu processo de revisão de 20 anos por Juliana Cesar.

  • Assassinato de Margarida Maria Alves completa 30 anos.

A paraibana Margarida Maria Alves foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, e durante 12 anos na presidência da entidade, Margarida lutou para que os trabalhadores do campo tivessem seus direitos respeitados, como carteira de trabalho assinada, férias, 13º salário e jornada de trabalho de 8 horas diárias.

As denúncias de abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região, feitas por Margarida Alves, resultaram no seu assassinato, encomendado por fazendeiros. Em seu discurso na comemoração do Dia do Trabalhador, em 1º de maio de 1983, Margarida Maria Alves denunciou que vinha recebendo ameaças de morte e disse sua frase mais famosa: ‘É melhor morrer na luta do que morrer de fome’.

[+] Assassinato de Margarida Maria Alves completa 30 anos.

[+] Assassinato de Margarida Maria Alves completa 30 anos na Paraíba.

[+] Trecho do filme ‘Uma questão de terra’.

[+] Marcha das Margaridas 2011.

Margarida Alves
  • Obituário Romy Martins Medeiros da Fonseca, advogada e pioneira das lutas feministas no Brasil (1921 – 2013).

Romy Medeiros da Fonseca nasceu no Rio de Janeiro em 30 de junho de 1921. Estudou direito. Em maio de 1949, participou do VII Congresso dos Advogados Civis nos Estados Unidos, onde proferiu palestra sobre a situação da mulher brasileira. A preparação da palestra mudou sua perspectiva de vida, ao se defrontar com a precariedade da condição feminina, particularmente a subalternidade das mulheres ao marido. O Código Civil vigente era de 1916, que comparava as mulheres casadas aos “silvícolas” na tutelagem de sua cidadania pelo marido. Voltando ao Brasil solicitou um estudo à Câmara dos Deputados sobre a situação da mulher casada no Código Civil brasileiro, no qual se baseou para elaborar junto com advogada e feminista Orminda Ribeiro Bastos (1899-1971), assessora jurídica da Federação Brasileira do Progresso Feminino e da equipe jurídica de Evaristo de Moraes, uma nova proposta.

Um novo estatuto jurídico para a mulher casada ampliando seus direitos foi, então, apresentada ao Congresso Nacional em 1951, iniciando uma longa tramitação, apesar de sua grande repercussão. Depois de engavetado por dez anos, com a pressão do movimento de mulheres o Congresso Nacional aprovou, finalmente, as mudanças no Código Civil em 27 de agosto de 1962, sendo sancionado pelo Presidente João Goulart como a Lei nº 4.121. Terminava, enfim, a tutelagem dos maridos sobre as suas esposas. A principal alteração referia-se ao direito de a mulher trabalhar fora de casa, o que até então dependia da autorização do marido.

[+] Obituário Romy Martins Medeiros da Fonseca, advogada e pioneira das lutas feministas no Brasil (1921 – 2013).

  • Rose Marie Muraro pede ajuda aos amigos para continuar produzindo.

Aos 82 anos, enxergando pouco e doente, a Patrona do Feminismo Brasileiro tem mais de 4 mil publicações, e afirma: “Ainda produzo, só assim a minha vida faz sentido”.

Uma de suas cinco filhas, Tônia, é quem cuida do Instituto Cultural Rose Marie Muraro (ICRM), órgão criado em 2009. O ICRM funciona em um imóvel cedido pelo governo em regime de comodato por 20 anos. “O instituto tem o objetivo de salvaguardar o acervo da minha mãe, que é gigantesco, e estamos trabalhando para criar uma biblioteca especializada em gênero no país e um centro de pesquisa. Além disso, colhemos materiais para três produtos: um documentário sobre ela, um livro de diálogos com ela e um audiobook, em parceria com o Instituto Benjamin Constant. E precisamos aproveitar os bons momentos dela para produzir esses materiais e finalizar com ela viva.” Até agora, o instituto sobrevive com recursos próprios. “Mandamos o projeto para vários editais públicos desde 2010, mas ainda não fomos contemplados e chegamos ao limite.”

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[+] Projeto “Museu Virtual Bertha Lutz”.

  • Agência Pública lança projeto de crowdfunding: 10 bolsas reportagens para que jornalistas realizem investigações de maneira independente.

Depois de duas edições concurso de Microbolsas para a Reportagem, que distribuiu R$ 32 mil para que vários repórteres pudessem fazer investigações de fôlego sem qualquer censura, a Pública agora quer ampliar o programa. Por isso, convidamos você a apoiar essa iniciativa.

Vamos distribuir 10 bolsas de R$ 6 mil para que jornalistas investiguem temas de interesse da população: Copa do Mundo, violência policial, corrupção e direitos humanos. Durante a apuração, a Agência Pública vai dar todo apoio para cada repórter ir fundo na investigação. E, depois, vamos acionar nossa rede: todas as reportagens vão ser publicadas por dezenas de sites e jornais em todo o Brasil.

Colabore: Reportagem Pública.

  • Livro revela: negros eram maioria no “Holocausto Brasileiro”.

“Os personagens que foram mais violados eram negros. Na minha pesquisa eu não contabilizei o número de pacientes brancos ou negros, não consegui fazer esse recorte, mas a esmagadora maioria dos personagens do holocausto, com certeza, era negra. A única coisa que diferenciava as imagens feitas na “Colônia” dos campos de concentração nazista na Alemanha era exatamente a cor”.

A afirmação é da jornalista Daniela Arbex, 18 anos de carreira, repórter especial do jornal Tribuna de Minas, ao falar do maior manicômio do Brasil – o Hospício de Barbacena – conhecido como “Colônia”, no período entre 1.961 e 1.980 em que cerca de 60 mil pessoas foram mortas. Ela conta a estória no livro Holocausto Brasileiro, da Geração Editorial, que está há seis semanas na lista dos mais vendidos no Brasil.

[+] Livro revela: negros eram maioria no “Holocausto Brasileiro”.

[+] Professor reúne apelidos racistas e cria projeto contra preconceito.

[+] Feminismos e justiça social: as lutas das mulheres negras não cabem em uma única palavra por Ana Claudia Pereira.

Esse projeto surgiu através do trabalho para uma matéria de Antropologia Visual e busca desdobrar-se para além do mundo universitário e acadêmico (claramente discriminatório em diversos níveis). Quatro mulheres tiraram fotos das partes dos seus corpos que as incomodam de alguma maneira por não corresponderem ao padrão machista, racista e misógino de beleza.

  • Entrevistas

– Site da Natura entrevista a parteira Ana Cristina Duarte. Ela atende o telefone e logo sai acelerando seu “partomóvel” pela cidade de São Paulo: um bebê está para nascer e a parteira urbana, Ana Cristina Duarte vai acompanhar. Veja como é a vida da profissional que já ajudou centenas de mulheres a acreditarem em sua capacidade de parir e recebeu mais de 200 bebês.

Revista Encontro entrevista Debora Diniz. Antropóloga que colocou a questão do aborto de anencéfalos como tema nacional, Debora Diniz se debruça, agora, sobre o Estatuto do Nascituro, que considera um retrocesso aos direitos humanos, além de pesquisar a loucura e a violência.

instituto Humanitas Unisinos entrevista Nana Queiroz, autora do blog ‘Presos que menstruam’. Segundo ela, entre as precariedades das penitenciárias brasileiras, destaca-se o fato de as mulheres terem um tratamento similar ao dos homens, sem acesso à saúde e cuidados com higiene. “O poder público parece ignorar que está lidando com mulheres e oferece um ‘pacote padrão’ bastante similar ao masculino, nos quais são ignoradas a menstruação, a maternidade, os cuidados específicos de saúde, entre outras especificidades femininas”.

– Revista Época entrevista a ex-atriz pornô americana Sasha Grey. “Eu gostava de fazer pornografia”. Aposentada da indústria que a fez famosa, a ex-estrela pornô lança um livro erótico e ataca os que querem limitar o acesso à “última forma envergonhada de fantasia”.

  • Eventos

[+] Brasília: SERNEGRA 2013 – II Semana de Reflexões, Gênero e Raça. Estão abertas as inscrições para propostas de apresentação de trabalho na modalidade comunicação oral nas 12 Seções Temáticas que irão compor o Simpósio SERNEGRA, que ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 de novembro de 2013, no Campus Brasília do IFB. O Simpósio SERNEGRA faz parte da Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça do IFB que, em sua segunda edição, contará com uma programação bastante diversa, com palestras, mesas-redondas, exposições, cine-debate, eventos de confraternização, cursos e oficinas.

[+] São Paulo, 24 de agosto: 2° Seminário – Há machismo na esquerda? Na prática cotidiana de nossas lutas vemos manifestações de machismo por parte de nossos companheiros e também de companheiras. Entendemos que somos frutos dessa sociedade desigual, violenta e opressora. Mas também entendemos, que na condição de lutadoras e lutadores, temos que avançar na reflexão das opressões e entre nós superarmos esta reprodução.