Estamos publicando uma série de entrevistas com candidatas de várias cidades, que declaram-se feministas, com o objetivo de publicizar propostas e incentivar maior participação das mulheres na política.
Jacqueline Parmigiani é candidata a prefeita na cidade de Toledo/PR.
Enviamos as mesmas perguntas a todas as candidatas, mas Jacqueline preferiu fazer um texto contando sua trajetória política e relatando suas propostas.
Atualmente sou professora de uma universidade estadual do oeste paranaense, atuo há mais de 15 anos na defesa dos direitos das comunidades indígenas daqui da região, sou militante socialista do PSOL e venho dando visibilidade dentro e fora do meu partido às temáticas feministas. Acredito que foram essas as razões que levaram o partido a propor o meu nome como candidata de consenso.
De todos os problemas que nós mulheres experimentamos vivendo em sociedades extremamente machistas, a invisibilidade me parece o dos mais preocupantes, pois secundariza todas as formas de violência a que estamos expostas cotidianamente. A simples proposição de uma candidatura feminina expõe práticas de invisibilidade que são tratadas como problemas técnicos, pequenos equívocos, mas que sabermos ser parte de estruturas que enraízam os comportamentos que historicamente denunciamos como machistas e conservadores.
Exemplo disso é o convite que recebi da Associação Comercial e Industrial de Toledo – ACIT que me trata o tempo inteiro por “senhor candidato”, “prezado”, sobre o qual soltei uma nota para a imprensa que foi solenemente ignorada.
Em muitos momentos durante esse processo eleitoral me perguntaram qual deve ser, no meu entender, o papel da mulher na política e em todas essas ocasiões respondi que a política, tal como nós conhecemos hoje, é feita por e para os homens e que, nessa concepção, nós mulheres não temos lugar. Para essa política tradicional, nós podemos apenas ser mães, donas de casa, trabalhadoras, eleitoras, mas candidatas a prefeitas, governadoras, presidentas, nunca!!!
Desde o início do lançamento de minha pré candidatura, venho dizendo que o espaço público não deve apenas ser ocupado pelas mulheres, mas remodelado a partir da lógica feminina. Remodelar esse espaço significa pensá-lo como um lugar onde ninguém pode ser invisibilizado por conta de sua classe, etnia, raça, religião, orientação afetivossexual ou gênero.