Bato na mesma tecla porque é necessário

Texto de Claudia Gavenas.

Para alguns, falar sobre a violência contra  mulher tornou-se algo repetitivo e que não contribui efetivamente para  solução da questão. Mas é válido lembrar que todos os dias, milhões de mulheres são agredidas ou mortas e que na maioria dos casos, tamanha violência ocorre dentro de casa.

Grande parte dessas vítimas prefere permanecer no anonimato. Ou porque não têm coragem de denunciar, ou porque não se sentem com apoio  suficiente. É lamentável que mesmo com a existência da Lei Maria da Penha ainda seja tão assustador o número destes casos. E nesta semana, um deles chamou muito a minha atenção.

Após ver esta notícia do site Route News sobre uma garota de 18 anos que foi cruelmente torturada e que teve seu rosto desfigurado pelo próprio namorado na noite de 12/06 em São Paulo ( sim, no dia dos namorados), tive mais uma confirmação de quanto a impunidade contribui para que estes crimes não sejam coibidos. Choca muito saber que em meio a um flagrante, o criminoso saiu pela porta da frente da delegacia em que estava preso, mediante o pagamento de fiança.

Como explanou muito bem Daiany Dantas no post Amor, ciúme, loucura?  Não, machismo a cultura machista ainda está profundamente arraigada em nossos valores. É fato que os chamados crimes passionais são vistos como motivados por transtornos psíquicos e comportamentais. Mas tudo isto é fruto desta mesma cultura machista que impõe passividade às mulheres e agressividade e necessidade de dominação e poder aos homens.

Até quando tantas mulheres serão vítimas tão vulneráveis e desprotegidas?

Enquanto a sociedade não tratar estes crimes com seriedade, muitas delas  ainda terão o mesmo destino – se não pior – que o desta moça de 18 anos,  conforme mencionado na reportagem supracitada. Provavelmente, não vai demorar muito para que o namorado dela a procure para tentar reatar a relação. A partir daí, há grandes chances dela sofrer ameaças por parte dele. E se ela sobreviver, já que as punições contra os agressores são tão brandas, a vida dela jamais será  mesma. O trauma é muito grande e só quem já passou por isso consegue entender.

Justificar um crime como um ato cometido por amor é nojento. Ciúme não se configura como um passe livre para desrespeitar ou humilhar qualquer pessoa. E se você for vítima desse tipo de violência ou conhece alguém que seja,  denuncie! Por mais difícil que seja…

Em violência contra a mulher, a gente “mete a colher” sim. Quantas vezes for preciso.