Essa semana circulou na internet mais um caso de violência que deixou uma parte das pessoas que eu conheço bem chocada. Um homem queimou a ex-namorada com ferro de passar roupa, e escrevou nas costas dela o nome dele. Disse que ia deixá-la com marcas, e bem feia. Se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém. Posse, ciúmes, machismo.
“Pensei que ia morrer. Fui marcada com um gado e tratada como um animal. Ele falou que eu ia ficar bem feia para não ficar com mais ninguém na minha vida. Falou que se eu o entregasse à polícia ele mataria meus outros dois filhos, de 7 e 5 anos, que são de outro relacionamento. Se ele for liberado, não sei o que será da minha vida. Tenho medo que ele volte e mate todo mundo”, disse ela na 16ª DP (Barra da Tijuca), onde o caso de tortura, ameaça e tentativa de homicídio foi registrado. O agressor alegou que o motivo seria ciúmes. Segundo Paula, o casal estava separado há um ano. Continue lendo em Ex-marido escreve seu nome com uma faca quente nas costas da mulher.
Em mim, um misto de raiva, nojo e impotência que me paralisou por uns instantes. Do mesmo jeito que aconteceu quando fiquei sabendo que um cara da faculdade batia na namorada. E do mesmo jeito que a gente fica quando sai uma nova pesquisa sobre violência contra as mulheres. E do mesmo jeito que a gente fica quando é vítima de algum tipo de violencia sexista.
Um amigo disse “vocês tem que fazer um grupo de ação direta contra esses caras”. Vocês, no caso, somos nós, feministas. Olha, eu acho que nós mulheres somos protagonistas da luta pela nossa libertação. Considero que somos nós o sujeito político do feminismo. E, nas cidades, no campo e na floresta, as mulheres organizadas combatem cotidianamente a violência. Denunciam, acompanham as vítimas, cobram o poder público.
Mas, vem cá: a culpa da violência continuar acontecendo não é das feministas que não estão fazendo ações diretas contra cada agressor. Imaginem só: teriamos que ir atrás de 5 homens a cada 2 minutos. Isso só pra ir atrás dos casos de espancamento (dados da Fundação Perseu Abramo).
A culpa não é das mulheres que sofrem violência. Não tem nada a ver com o nosso comportamento ou a nossa roupa. No caso da violência sexista, pra cada mulher que apanha, tem um homem que bate. São eles que tem que ser questionados. Eles que tem que respeitar o nosso direito de viver livre e sem ser violentada. A gente quer punir os agressores, mas a gente quer mais: a gente quer que a violencia não aconteça mais. Que nenhuma mulher seja agredida por ser mulher. Que nenhuma de nós se sinta insegura por ser mulher.
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Aqui vão alguns exemplos de materiais, campanhas e ações pelo fim da violência contra as mulheres:
– Vídeo da Marcha Mundial das Mulheres em que jovens debatem a violência contra a mulher e fazem intervenção urbana.
– Alguns cartazes de campanhas que lutam pelo fim da violência contra mulher:
Pela internet tem mais cartazes e exemplos de campanhas. Esses eu tirei daqui.