
Parei na frente da tela do computador e travei, travei bem travadona mesmo, não sabia sobre o que escrever aqui neste espaço, fosse relacionado à política e mulheres, fosse relacionado a relações de gênero na sociedade e a luta de classes. Simplesmente travei, como se tudo que já tivesse escrito em algum canto sobre estes temas tivesse sido muito bem resolvido, mesmo eu sabendo que não foram muito bem resolvidos e alguns debates precisamos retomar sistematicamente para realmente poder disputar a sociedade. A questão é que travei bonito e aí comecei a pensar em todo este espaço criado na internet que dá vazão tanto as ideias de esquerda e mais progressistas quanto as mais conservadoras, é espaço na super-estrutura de debate de ideias. Não eu não acho que a internet possa ser chamada de “trabalho de base”, mas sim é um espaço super-estrutural e que cumpre um papel importante na disputa de ideias e da sociedade, mas apenas uma ferramenta.
Levando em conta isso resolvi falar de mulheres, mulheres que vem tocando trabalhos super bacanas e ocupando um espaço interessante na internet e que devem ser acompanhadas com atenção. A primeira é a Ana Maria Straube, que retomou o blog Em Espiral, lá ela fala sobre a crise capitalista, não-entrevista com Chico Buarque, Cuba e um monte de outras coisas sobre o cotidiano jornalista dela e que poderia ser o cotidiano e as histórias de qualquer jornalista jovem.
A outra é a Alessa, e este trampo na internet merece uma atenção toda especial. A Alessa está atrás de pianos em locais públicos na cidade de São Paulo, cada um que ela encontra ganha um post super irreverente no Alessa, a Cidade e os Pianos. Ela já encontrou e tocou pianos na Sé, num spa, Terraço Itália e todas as histórias tu paras, lê e dá muitas risadas, parece uma conversa de bar.
Mas por que eu resolvi falar delas duas? Por que? Ambas são feministas, apesar de não escreverem sobre isso diretamente, ambas ocupam um espaço interessantíssimo na blogosfera que não necessariamente o que se chama de blogosfera feminista, falam de outras coisas, falam sobre o dia-a-dia, música e vida.
Para mim está aí a lógica toda de ter como estratégico para mudança social a eliminação da opressão de gênero, ser normal espaços onde mulheres não falam apenas dos temas a elas relegados, coisa que acontece em geral na sociedade, mas também na política: os assuntos gerais nunca são papo de mulher, só apenas as especificidades… Acredito que não é assim, se debatemos morfologia da sociedade veremos que tudo é assunto nosso e sem o recorte classista e feminista as coisas não tem vazão alguma. E na blogosfera ter mulheres que cavam espaço em outros temas que não só o feminismo, mesmo comprando todas as brigas feministas é algo a se louvar e dar espaço, pois é o que queremos, mostrar que debatemos tudo e tudo nos interessa.