Erin Brockovich

Texto de Tassia Hallais*.

Lançado em 2000. o filme Erin Brockovich (que no Brasil recebeu o subtítulo “Uma mulher de talento”) havia passado em brancas nuvens para mim. Acho que nunca tinha reparado no seu potencial. Gostei tanto que me animei a escrever um texto aqui para indicá-lo.

Erin Brockovich é, sem dúvidas, um filme que retrata a protagonista com dignidade e respeito, coisa rara nas produções cinematográficas, que na maioria das vezes mostram mulheres em papéis secundários ou como protagonistas cujo único sentido na vida é encontrar o verdadeiro amor.

Para quem não quer saber nada sobre a história do filme, alerto que a partir daqui o texto contém informações sobre a trama, que podem ser considerados como spoilers…

O filme é baseado na história real de Erin Brockovich, uma mulher que cria sozinha os três filhos pequenos de dois casamentos desfeitos e, trabalha como arquivista num pequeno escritório de advocacia. Por conta de sua função, acaba caindo em suas mãos papeis da tentativa de compra de um imóvel pela empresa PG&E. Erin começa a investigar as circunstâncias dessa proposta. Descobre que a multinacional poluiu a água de uma cidade e que seus moradores estão sofrendo com diversos problemas de saúde resultantes da ingestão e exposição a substância cromo-6.

Cena do Filme Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento (2000)

É aí que a trama ganha fôlego e somos apresentados a uma mulher inteligente e eficiente, que consegue ganhar a confiança desses moradores e convencer o patrão de que tinham um bom caso nas mãos. Mesmo sem formação em Direito, Erin se mostra imprescindível para a resolução do caso.

O que mais gostei no filme é que a personagem em momento algum muda seu modo de ser, falar ou vestir para se adequar ao ambiente jurídico. Ela não aceita ser passada para trás, bate de frente com o chefe, exige aumento, direitos trabalhistas e participação no valor da causa. Acaba conquistando o respeito de seu patrão, que no começo a via com ressalvas por conta de ser bonita, jovem e sem formação em Direito.

No lado pessoal, o filme mostra uma mulher que precisa trabalhar fora e que tem que enfrentar as cobranças por atenção dos filhos e do novo companheiro. Aliás, essa relação dela com o namorado é ótima para discutirmos os papeis de gênero, pois na trama é ele quem fica em casa cuidando das crianças enquanto ela trabalha fora. Quando a carga de trabalho dela fica muito grande, ele a coloca contra a parede querendo que largue o emprego para dar atenção a ele e aos filhos. A resposta de Erin é não. Cabe a ele decidir se a ama como é, pois ela não vai abandonar sua vida profissional por conta de um casamento.

Dirigido por Steven Soderbergh e vencedor do Oscar de melhor atriz pela atuação de Julia Roberts, Erin Brockovich é um filme que merece ser conferido por quem quer ver uma mulher comum sendo retrata de forma digna e coerente.

*Tássia Hallais tem 23 anos, mora no Rio de Janeiro e é estudante de Comunicação Social da UFRJ.