Prudence e a fetichização do estupro

contra-propaganda feita pelo Feminismo na Rede contra a Prudence

Violência é tema recorrente aqui no Blogueiras Feministas, além disso criticar piadas sobre o tema se tornou perseguição a liberdade de expressão. Ou seja, o Rafinha Bastos pode ridicularizar uma situação de estupro que tudo bem, a Prudence pode em sua campanha publicitária incluir como fantasia sexual estupro de mulheres e quem questionar isso corrobora para o atentado contra a liberdade de expressão.

Só lembrar do primeiro programa do Pedro Bial na Globo, tratando exatamente do tal politicamente correto. Ou seja, você reconhecer que há diferenças sociais entre negrxs e brancxs, homens e mulheres, heteros e LGBTs, ricos e pobres em nosso país e questionar piadas que reafirmam estas diferenças, ou que influem diretamente na perpetuação da violência é tolhir liberdade de expressão.

Bem, esta semana começou a circular pelas redes sociais a nova campanha publicitária da Prudence. A peça publicitária simula um menu com perdas calóricas, e cada item está relacionado a uma perda calórica diferente e entre estes itens há dois relacionados diretamente a estupro e violência sexual, pois para a Prudence fazer sexo com uma mulher sem o consentimento dela gasta-se 190 calorias, e retirar o sutiã da moça também sem o consentimento dela perdem-se 208 calorias.

Ora, quer dizer que uma atividade sexual forçada, violenta e que simbolicamente (de acordo com o símbolo criado pela marca de camisinhas) vale mais do que sexo consensual deve ser estimulado pela publicidade? Deve ser o almejado por parte da sociedade? E se a mulher alvo do rapaz/homem fosse a filha, sobrinha, avó do criador da peça publicitária? E se fosse a irmã, prima ou mãe daqueles que defendem que esse tipo de coisa é liberdade de expressão? Aí se levaria o tema a sério, ou não?

Só no estado do Rio de Janeiro são 10 mulheres estupradas por dia. E no Brasil são cerca de 15 mil mulheres vítimas deste tipo de violência por ano, além do fato do Brasil ser o 7º na lista de países onde morrem mais mulheres violentadas. A violência sexual no Brasil é coisa séria, não é lenda urbana ou conto da carochinha para ser levado de forma leviana.

Peças publicitárias como a da Prudence ou piadas como a do Rafinha Bastos só ajudam a criar um certo fetiche sobre a violência sexual e em nada ajudam ao combate real do estupro, pior! De certa maneira até estimulam.

Na verdade, apenas criticar, escrever textos e afins. O mais importante seria que tanto as mulheres quanto os homens que repudiam a fetichização do estupro boicotassem a Prudence. Falar para o namorado ou para a namorada que na hora de trepar nós trepamos com consentimento, com tesão e não queremos ser alvo de violência. Ou seja, na hora de trepar e usar camisinha cabe tudo, menos violência e a Prudence.

Em tempo, a Lira publicou no Viomundo um post com os links para denunciar a propaganda da Prudence no Conar, Safernet e Polícia Federal.

Atualização às 14h40, 30/07/2012:

  • O post publicado no Viomundo comentado no post foi retirado de um post no Facebook e pode ser lido aqui.
  • A Prudence lançou uma nota sobre o caso e retirou a peça publicitária do ar, a nota foi postada no Facebook e pode ser lida aqui.