Texto de Patrícia Sebastiany Pinheiro.
Nos últimos dias, abrindo as redes sociais, o que mais vemos são fotos de mulheres de todas as idades, sozinhas ou em família, mas todas carregando em um papel ou em seus corpos o seguinte dizer: “Eu não mereço ser estuprada”.
Abordando o assunto com outras pessoas e analisando a repercussão na própria mídia, vejo muitos diminuindo o movimento, alegando ser apenas oportunismo os muitos corpos nus que protestam. Pode ser que, em muitos casos, realmente seja. Não sou hipócrita o suficiente a ponto de afirmar que todas as pessoas, sejam mulheres ou homens, que estão reivindicando, o estão fazendo de forma genuína. Acredito que realmente haja muito oportunismo, modismo, ou como você decidir chamar. Nem todos estão verdadeiramente preocupados em mudar alguma coisa. Mas, não acredito que isso seja importante e, muito menos, digno de ser usado como argumento para desconstruir o que está sendo construído.
Penso que, antes de perdermos tempo nos atentando aos motivos únicos que levam cada uma dessas mulheres a mostrar a cara e o corpo e afirmar que não merecem ser estupradas, deveríamos usar todo esse movimento e as discussões ricas que ele vem proporcionando para ampliar e enriquecer nossa visão acerca das questões de gênero.
Que, ao invés de apenas questionarmos a validade da pesquisa que deu origem a estas reivindicações, tenhamos em mente que, independentemente do resultado e do que muitos pensam a respeito do tamanho de nossas roupas, o estupro continua acontecendo e que todo e qualquer motivo e espaço que nos convide a falar sobre, nunca deixará de ser válido e construtivo.
Seja compartilhando fotos ou experiências ou apenas acompanhando, que possamos enxergar e compactuar com toda a positividade que este movimento vem trazendo junto consigo. Que haja menos atenção aos detalhes e mais abertura e ouvidos para tudo aquilo que precisa e merece ser dito. Que se fale da maneira que for, pelo motivo que for, mas que se fale. Qualquer voz é melhor do que o silêncio. Não merecemos ser estupradas e cansamos de permanecer caladas.

Autora
Patrícia Sebastiany Pinheiro tem 21 anos. É gaúcha de Santa Maria, mas atualmente mora em Florianópolis. Apaixonada por moda e assumidamente viciada em filmes e séries. Estudou Psicologia por três anos na UFSM e, devido a paixão pela escrita, pretende se voltar para a área do Jornalismo. Escreve em seu blog pessoal e mantém uma página no Facebook.