Estamos publicando uma série de entrevistas com candidatas a vereadoras de várias cidades brasileiras, que declaram-se feministas, com o objetivo de publicizar propostas e incentivar maior participação das mulheres na política.
Carla Ayres é candidata a vereadora pelo PT na cidade de Florianópolis/SC.
Coligação: PT/PCdoB. Página no Facebook: Carla Ayres.
1. Você pode fazer um resumo sobre sua trajetória política até essa candidatura?
Nasci em 15 de março de 1988 em Jales interior de São Paulo, Carla Ayres desde muito jovem desenvolveu atividades de militância. Ainda no ensino fundamental integrei grêmio estudantil de sua escola e me filiei ao Partido dos Trabalhadores daquele município aos 16 anos. Me graduei em Ciências Sociais (2007-2010) pela Universidade Estadual de Maringá no Paraná, onde me inseri em discussões sobre o Direito à Cidade junto ao Observatório das Metrópoles; fiz Mestrado em Ciência Política (2011-2013) na Universidade Federal de São Carlos em São Paulo período em que me vinculei mais diretamente à militância feminista e pelos direitos e cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT).
Hoje, aos 28 anos, curso doutorado em Sociologia Política na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atuo no município de Florianópolis entre os movimentos de mulheres e feministas, bem como ao movimento LGBT. Em dezembro de 2012, passei a integrar a Comissão Pró-Criação do Conselho Estadual LGBT junto à Secretaria Estadual de Assistência Social, o que na prática significou auxiliar na construção do PL 315/13 que objetiva a implementação do Conselho Estadual LGBT em Santa Catarina.
No município de Florianópolis também atuei junto ao Movimento LGBT local na construção da Lei que garante a criação do Conselho Municipal LGBT. Entre os anos de 2012 e 2013, fui Conselheira Nacional junto ao Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT; e entre os anos de 2013 e 2014 atuei profissionalmente como Consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU) numa pesquisa sobre o desenvolvimento de Políticas Públicas LGBT no Brasil.
Em relação às Políticas para Mulheres, trabalho sempre em parceria da ONG que integro (Grupo Acontece – Arte e Polítca) com a Coordenadoria da Mulher em projetos sobretudo voltados para o tema da maior participação política de mulheres; participação em conferencias e elaboração do plano de política para mulheres; passarei a integrar o Conselho Municipal das Mulheres na gestão que inicia-se no próximo mês de outubro/2016.
2. Quais você considera que são os principais problemas a serem enfrentados pelas mulheres hoje?
Penso que a misoginia no seu conceito mais amplo, que aprisiona e oprime as mulheres da forma mais sorrateira e intrínseca das relações cotidiana. Fato que na sua expressão mais concreta se reverte nas várias violências sofridas pelas mulheres…simbólica, psicológica, patrimonial, física, etc.
3. Qual tema feminista você tentará ter como foco caso seja eleita?
Considero o feminismo como um movimento, uma teoria, uma filosofia, seja o que for, que tem no centro a primazia do combate a todas as formas de opressão considerando em primeiro lugar que vivemos uma sociedade que perpetua relações de poder entre homens e mulheres.
Sendo assim, pra mim, a defesa dos Direitos Humanos como um todo é um principio feminista. A luta contra o machismo, contra o racismo, contra a LGBTfobia, contra o capacitismo, etc. Este é o foco: a defesa dos direitos humanos na construção de uma cidade mais Plural e Democrática. Para tanto é preciso levar em consideração demandas e pautas já formuladas pelos Movimentos Sociais, como as propostas que constam dos Planos Municipais de Políticas Publicas de cada área numa relação interseccional e intersetorial.
4. Quais as dificuldades em ser uma candidata feminista no sistema político brasileiro?
Penso que a maior dificuldade ainda é a realidade vivenciada dentro do próprio partido. As instituições são machistas, e os partidos como instituições também o são, mesmo (ou sobretudo) os de esquerda.