Iron Jawed Angels – Anjos Rebeldes

Oi, eu sou a Kori e hoje o post é sobre Iron Jawed Angels, um filme feito para a TV Estadunidense em 2004, que, por acaso eu assisti num sábado à noite no SBT e adorei. Como faz tempo que vi, reassisti e procurando tanto por torrent ou no youtube (o filme inteiro consta lá sem legendas), as descrições já fazem você querer colocá-lo numa lista de filmes pra assistir talvez junto com Revolução em Dagenham e Terra Fria.

Para descrevê-lo usam o “must see”, “first wave of feminism”, “feminist”. Um filme bom, sobre mulheres e dirigido por uma é minoria, mas esse, felizmente, se encaixa na categoria.

Hilary Swank como Alice Paul, líder feminista.

Iron Jawed Angels, em português Anjos Rebeldes (o mesmo nome de um filme de terror dos anos 90), conta a história – real – da luta pelas mulheres pelo direito de votar.

O filme foca na personagem de Alice Paul (feita por Hilary Swank, que na maioria das vezes faz filmes ótimos, geralmente na linha da Geena Davis, numa coisa meio “bora fazer personagens fortes no meio de tantos homens, pessoal”.), é dela que vem a ideia de um jornal das sufragistas, de permanecer o tempo que for em frente a casa branca, de fazer greve de fome até ser ouvida.

Alice Paul e Lucy Burns decidem, primeiramente, organizar uma marcha a favor do voto. Há, claro, quem vá contra, homens políticos com o discurso que muda o tema mas continua o mesmo ao longo dos anos: machista mesmo quando tenta não ser.  Seja apelando pra fala protetora de “não se metam nesse lodo que é a política” ou dando voz à psicologia evolucionista e a velha desculpa de que “mulher tem a mente inferior a do homem”. Também existem as mulheres que inicialmente são contra, pois a velha luta de classes fala mais alto, é o caso do diálogo que segue entre uma operária que ouve um discurso e quem o faz:

– Isso vai demonstrar aos políticos que nós nos unimos para exigir…
– Quero um aumento. Para o diabo com os políticos.
– Cento e quarenta e seis mulheres morreram queimadas numa fábrica no mês passado. Onde está a saída de incêndio? Os congressistas redigem as leis. Essa saída pode ser obrigatória por lei. Um voto é a saída de incêndio.
– Se perdemos tempo contigo no domingo, vão despedir-nos na segunda. Tem filhos, senhorita? Eles não comem votos.
– Em frente, calem os vossos pensamentos. A classe dirigente tem voz, e essa voz é um voto.

 

Votes For Women \o/

Juntas, as Sufragistas/Partido Nacional das Mulheres enfrentam os políticos, incluindo o presidente, que ignora a causa e manda elas esperarem pois há muitas coisas mais importantes; os civis, homens que buscam agredi-las verbal e fisicamente; a justiça, que não ousa, ironicamente, ser justa e as prendem; a polícia, que abusa do poder e comete torturas. Em plena primeira guerra mundial é lhes dado a escolha de lutar pelo que elas acham melhor. Há perdas no caminho, vontade de desistir, mas no final, sabemos, vale a pena.

Tudo isso é mostrado com drama, humor e uma trilha atual para uma época antiga, o que dá mais pontos ao filme, como a cena da marcha, por exemplo, que toca Lauryn Hill.

É com música também que é feito um dos momentos mais emocionantes do filme: todas elas, após terem sido presas, cantam na cadeia Will The Circle Be Unbroken?

O filme não é só sobre ganhar uma causa, mas também sobre companheirismo e compaixão.

Essas mulheres fizeram de sua luta algo histórico e reconhecido; para elas, um muito obrigada. E quem de nós não luta diariamente por diferentes causas? Façamos da nossa voz nossa saída de incêndio.

“Nenhuma mulher com respeito próprio deveria querer ou trabalhar pelo sucesso de um partido que ignora seu sexo.” Susan B. Anthony