Rádios Comunitárias na 3° Conferência Nacional de Políticas para Mulheres

No encontro com a Ministra Iriny Lopes conhecemos Kamayura Saldanha, coordenadora de gênero e etnia da ABRAÇO – Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária. Conversamos com ela para saber mais sobre o movimento das rádios comunitárias, empoderamento das mulheres por meio da comunicação e a participação das mulheres negras no projeto.

A ABRAÇO, fundada em agosto de 1996, presente em 24 estados e no Distrito Federal, é uma organização de classe que se insurgiu contra o monopólio dos meios de comunicação no Brasil, por meio da manifestação radiofônica das comunidades das cidades, periferias e do campo. Tem como objetivo unificar a luta das rádios comunitárias pela regulamentação do serviço pelo Congresso Nacional, na luta pela democratização da comunicação e pela liberdade de expressão.

O primeiro desafio foi propiciar que as comunidades se apropriassem da tecnologia de transmissão em rádio freqüência, especificamente em FM, saindo de uma posição de receptores passivos, para criadores, elaboradores e gestores do seu próprio meio de comunicação.

O maior benefício da rádio comunitária é trazer a informação para perto das mulheres. Como explicou Kamayura: “há diversas mulheres que estão no tanque e não sabem que pessoas estão decidindo uma série de políticas e ações que irão influenciar a vida delas. Comunicação é um direito humano, o empoderamento e a inserção da mulher também passam pelo acesso e pela produção de conteúdo comunicacional. São aspectos fundamentais para a transformação social, principalmente das mulheres negras.”

Da esquerda para direita: Catarina Correa, Kamayura Saldanha, Bia Cardoso, Priscilla Brito e Suely Oliveira. Foto de Suely Oliveira em CC.

A ABRAÇO acredita que as rádios comunitárias não são meios de comunicação isolados no cenário político. Elas só fazem sentido quando são, de fato, instrumentos por onde escoam notícias, debates e discussões de interesse das comunidades onde estão inseridas, bem como dos movimentos e das organizações sociais. Propiciando o debate de idéias, o respeito às diferenças e às diversidades na própria comunidade, levando à democratização do ser humano e da comunidade. Esse caráter democrático e diferenciado deve partir de uma construção coletiva, que supere a relação utilitarista, reproduzida historicamente entre meios de comunicação e sociedade.

O Coletivo de Mulheres da Abraço participará da 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (CNPM), que acontecerá de 12 à 15 de dezembro em Brasília. O evento, que busca autonomia e igualdade, é uma realização da Secretaria de Política para as Mulheres (SPM) e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM).

As radialistas comunitárias da Abraço farão cobertura completa, com matérias e entrevistas especiais. A rádio Abraço NO AR transmitirá todo o evento a partir do dia 12 de dezembro (segunda-feira) às 18h; quando a Presidente Dilma Roussef e a ministra-chefe da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Iriny Lopes, farão a solenidade de abertura da conferência.

A autonomia econômica e financeira das mulheres será uma das pautas apresentadas pela SPM durante a 3° Conferência. A inclusão de perspectivas de raça e etnia nas políticas de gênero precisa estar presente nas propostas de políticas públicas para mulheres como: creches públicas, cozinhas comunitárias, linhas de crédito, qualificação profissional e estímulo à formalização. As mulheres negras e indígenas estão entre os grupos mais vulneráveis à pobreza, sofrendo dupla discriminação. Ações de combate a pobreza e a miséria são fundamentais para a autonomia das mulheres. O direito a comunicação por meio das rádios comunitárias pode ser mais um caminho.

Em 8 de março de 2011, o Coletivo de Mulheres da Abraço divulgou um spot para Celebrar o Dia Internacional da Mulher. No spot, a radialista Kamayura Saldanha, diz que: “as mulheres das rádios comunitárias são mobilizadoras das comunidades espalhadas pelos rincões do Brasil, prestando um serviço público de orientação, informação e educação”. E ressalta: “as vozes femininas que compõe grande parte das rádios ecoarão a mensagem da ministra, elevando a auto-estima e trazendo estímulo a todas, pois através das rádios receberão o abraço afetuoso e cuidadoso desta mulher firme e forte em defesa de todas nós”. Ouça a mensagem completa.