Trans não-binário e bissexual, presente

Texto de Klaus para as Blogueiras Feministas. 

Sabemos que basta uma pessoa se reconhecer bissexual, para que ela sofra toda sorte de apagamentos e discriminações possíveis. Principalmente dentro do próprio movimento LGBT. E não adianta virem com o discurso de que o inimigo é outro, porque militância e transformações sociais começam com autocrítica. Com arrumar a própria casa primeiro. Quando se é uma pessoa trans, o reconhecimento de sua própria bissexualidade se configura como um passe livre para que os outros se sintam no direito de inferir sobre a legitimidade da sua identidade. E para outros tantos, a letra T da sigla nem sexualidade tem… Somos duplamente apagados. Pela medicina, somos duplamente patologizados. E se você é trans não-binário, você sequer existe. Ainda mais se for bissexual.

Neste mês de visibilidade bissexual, eu gostaria muito de ressaltar a importância de que nós, pessoas trans bissexuais, nos reafirmemos como tais. Que não aceitemos especulações ou cerceamentos sobre os nossos corpos e sobre os nossos desejos e/ou afetos. Que não aceitemos que as nossas identidades sejam invalidadas, por sermos bi.

Reafirmemos que sim, existimos. Que não somos confusos. Que podemos, ainda mais, amar pessoas independentemente de gênero ou de genital. E que no país que mais nos mata, sejamos capazes de nos defender do extermínio simbólico a que nos submetem.

Esse texto faz parte da Blogagem Coletiva pela Visibilidade Bissexual: #BlogagemBi.

Autoria

Klaus é educador, designer e fanfarrão nas (poucas) horas vagas. Atua como professor de inglês voluntário no curso English to Trans-Form e no fórum cultural queer da Zona Norte de SP.

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