Texto de Ana Flor para as Blogueiras Feministas.
Não é nenhuma novidade que o Carnaval é uma festa que potencializa, em todos os sentidos, atitudes de determinados grupos. Seja essa boa ou ruim, estamos aqui para lembrar que: o Carnaval está chegando e as travestis não são bagunça!
Assim como todas as outras pessoas, cada uma dentro de suas especificidades, as meninas devem ser respeitadas. A necessidade em escrever esse texto já nos deixa o alerta que, constantemente, vemos nos veículos midiáticos brasileiros que as travestis sofrem violências transfóbicas durante os dias de festa.
Como sabemos, a proposta do Carnaval é proporcionar 4 dias de brincadeiras e muitas felicidades em diversos lugares do Brasil. Para viabilizar que essa proposta torne-se real, é preciso garantir o respeito ao outro. Brincar com alegria e afeto faz parte dos shows, blocos e troças carnavalescas que saem das ladeiras de Olinda, passam por Recife, atravessam Salvador, passeiam pelo o Sambódromo e chegam ao Rio de Janeiro.
Em um momento de conjuntura conturbada e de discurso de ódio que estão sendo sustentados com mais força a partir da instalação da administração bolsonarista no país, faz-se necessário lembrar que respeitar o espaço e o direito de brincar Carnaval das travestis é fundamental. Isso significa dizer: não xingue as travestis, travestis não são fantasias, não seja transfóbico, respeite a identidade de gênero das meninas, não toque no corpo de uma travesti sem a permissão dela, toda travesti deve ser tratada no feminino. Como falamos no ano passado: não é não.
Outro recado muito importante é sobre o uso do banheiro em estabelecimentos públicos ou privados: se você é dono de uma empresa que trabalha no Carnaval, ou do barzinho da esquina que todo mundo frequenta nas prévias: as travestis devem sempre fazer uso do banheiro feminino. Aqui, abro uma conversa com as mulheres cisgêneros: se avistarem alguma menina trans ou uma travesti com vergonha e medo de ser barrada no banheiro, cola junto e puxa uma conversa. O mesmo para as travestis que perceberem mulheres cis com vergonha: estejam juntas e pensem em como solucionar o “problema”.
Na volta para casa, estejam todas próximas e cuidando uma das outras. E, para os homens: respeitem todas as mulheres que saíram de suas casas para brincar e dançar o Carnaval, seja ela cis, trans ou travesti. Acreditem: é possível ser um homem e não ser escroto. Logo, é fundamental compreender que assédio é a invasão do corpo e espaço de alguém que não lhe permitiu isso. Em outras palavras: se toquem e tenham responsabilidade com os seus atos.
Para as travestis, desejamos um ótimo Carnaval. Que seja seguro, de muitas festas, de felicidade e boas energias. Todas merecem. Afinal, ninguém é de ferro. Se beber, não dirija. Se precisar de ajuda, liga na amiga ou posta no Facebook. Aproveitem ao máximo e já corre para preparar a fantasia!
Autora
Ana Flor Fernandes Rodrigues é pesquisadora e graduanda em pedagogia pela UFPE. Instagram: @tdetravesti.