esse poema nasceu do encontro de três rios pessoais. o primeiro, onde venho navegando minha necessidade de entender e separar o que, num relacionamento amoroso, é a manifestação de uma ‘carência culturalmente construída’ daquilo que é uma necessidade genuína e saudável de enxergamento da gente pelo outro (ou especificamente as pessoas eleitas que amamos). o segundo, cuja correnteza traz os impactos simbólicos, emocionais e orgânicos que o filme ‘Ela’ (Her) (em cartaz nos cinemas brasileiros, do diretor Spike Jonze) provocou em mim, gritando por uma elaboração pessoal e, no limite, por uma catarse literária (eis aqui um começo). e o último subiu como uma maré de inspiração — que reuniu e se somou como narrativa aos dois primeiros — cuja vazante me deixou como oferenda esse fantástico trabalho da artista plástica Eliza Bennett, e seu feminismo bordado na pele, numa sincronicidade que se escancarou enquanto eu googlava imagens do filme ‘Ela’. desse encontro de três narrativas do elemento água surgiu em mim, caudalosa, essa reflexão poética sobre as relações tecidas culturalmente entre felicidade, dor (física e psíquica, infelicidade), beleza, e a identidade da mulher em nosso mundo.