Texto da Equipe de Coordenação das Blogueiras Feministas.
Hoje, 25 de novembro, é Dia Internacional de Combate à Violência Contra as Mulheres. O dia foi instituído no 1º Encontro Feminista Latino-americano e Caribenho, realizado em 1981, em homenagem às Irmãs Mirabal: Pátria, Minerva, e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”, dominicanas que protestaram contra a ditadura de Trujillo, na República Dominicana, e foram brutalmente torturadas e assassinadas. Em 1999, a Assembleia Geral da ONU proclama essa data como o ”Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher” incentivando todos os governos e a sociedade civil a extinguir com a violência que destrói a vida de milhares de mulheres nas nossas cidades.

Apesar de ser uma pauta que obteve avanços nos últimos anos, tanto no Brasil como no mundo, ainda é preciso falar e falar sobre esse assunto. Porque os números da violência doméstica e da violência sexual, que tem as mulheres como maiores vítimas, continuam muito altos e também porque temos que acrescentar dados sobre violência obstétrica, lesbofobia e transfobia. Além de outras estruturas sociais perversas que atingem as mulheres como o racismo, a gordofobia e o capacitismo.
Ainda é preciso falar que a violência não é apenas física, mas também psicológica. Ainda é preciso questionar porque a Lei Maria da Penha, apesar de seus 8 anos de existência, ainda não protege as mulheres. Por que as mulheres devem mudar totalmente suas vidas, largarem empregos e irem para abrigos quando ameaçadas pela violência de um ex-companheiro? Como enxergamos a vítima e como o Estado pode agir para proteger as mulheres e dar-lhes segurança?
Ainda é preciso dizer que saia curta não é razão para estupro. Ainda é preciso dizer que assédio em locais públicos também é violência. Ainda é preciso dizer que uma “cantada” muitas vezes é uma invasão, não importa a intenção. Ainda é preciso denunciar que violência não é tática de conquista. Ainda é preciso lutar para que os relacionamentos amorosos não sejam baseados na posse do outro.
A violência é parte cotidiana da vida de muitas mulheres. Lutar para que a sociedade compreenda a gravidade dessa situação é uma das principais ações de nosso trabalho como feministas. Por isso, hoje indicamos:
- A Campanha 16 Dias de Ativismo: Uma mobilização mundial pelo fim da violência de gênero. Mobilização anual, praticada simultaneamente por diversos atores da sociedade civil e poder público engajados nesse enfrentamento. Desde sua primeira edição, em 1991, já conquistou a adesão de cerca de 160 países. Mundialmente, a Campanha se inicia em 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, e vai até 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, passando pelo 6 de dezembro, que é o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. No Brasil, a Campanha acontece desde 2003 e, para destacar a dupla discriminação vivida pelas mulheres negras, as atividades aqui começam em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
- O projeto Maria Conta. Estudantes de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) buscam, através do projeto final de graduação, contribuir para reflexões a respeito da violência contra a mulher e repensar práticas políticas e sociais. O Projeto convida mulheres para escreverem textos sobre violência contra a mulher. Podem ser relatos próprios ou reflexões, todos os textos são bem-vindos. O endereço de email é: projetomariaconta@gmail.com
- A Campanha Chega de Fiu Fiu do Think Olga entra numa nova fase. Depois de lançar o Mapa Chega de Fiu Fiu que recebe denúncias de pessoas que tenham sofrido ou testemunhado assédio sexual e outras violências contra a mulher em todo o Brasil. A proposta agora é realizar com sua ajuda o Documentário Chega de Fiu Fiu. Baseado em dados da pesquisa e do Mapa Chega de Fiu Fiu, o documentário quer estabelecer um diálogo entre as vítimas, os que praticam o assédio e as especialistas no tema. Essa abordagem permite uma visão completa sobre o assunto, investigando suas causas, suas motivações, seu contexto social e soluções para a violência. O projeto está aberto para contribuição no Catarse.
Vídeo – Documentário Chega de Fiu Fiu: Campanha Catarse.
+ Sobre o assunto:
[+] Esta semana está acontecendo o 13° Encontro Feminista Latinoamericano e do Caribe. Você pode acompanhar as notícias no site da Universidade Livre Feminista.